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A Realidade do Pecado(6 min de Leitura)

Antes de sua conversão, Martinho Lutero lutou contra a realidade do pecado em sua vida. Lutero se dedicou ao sistema católico romano de boas obras para apaziguar sua consciência pecaminosa, mas nenhuma dessas obras satisfez sua consciência culpada. Somente quando ele descobriu o ensinamento de Paulo da justificação pela fé, ele descobriu “a porta do céu” e entendeu a graça de Deus que é encontrada em Jesus Cristo. Ele dedicaria o resto de sua vida em proclamar essa boa notícia de que a justificação deve ser recebida somente pela fé.

Mas a mensagem de Lutero não se limitou simplesmente a pregar sobre a livre graça de Deus em Cristo. Lutero entendeu que antes que a justificação pela fé fizesse sentido, também era preciso abraçar o ensino das Escrituras a respeito do pecado. Enquanto Lutero experimentou profunda convicção de seu próprio pecado, ele sabia que nem todos compartilhavam a mesma experiência ou consciência sensível. Portanto, o reconhecimento do pecado não poderia, em última análise, estar enraizado na experiência subjetiva. Antes, como a justificação, nossa pecaminosidade também tem que ser reconhecida pela fé baseada na Palavra de Deus.

“Mesmo se não reconhecermos nenhum pecado em nós mesmos, devemos, no entanto, acreditar que somos pecadores. Por isso, o apóstolo diz: “Porque em nada me sinto culpado; mas nem por isso me considero justificado, pois quem me julga é o Senhor” (1 Co 4:4). Porque assim como a justiça de Deus está viva em mim pela fé, pela mesma fé o pecado está vivo em mim; isto é, somente pela fé devemos acreditar que somos pecadores, porque isso não é óbvio para nós. Se a verdade é dita, na maioria das vezes não parecemos estar conscientes de nós mesmos [como pecadores]. Portanto, devemos nos apoiar no julgamento de Deus e crer nas palavras com as quais ele nos diz que somos injustos, porque ele não pode dizer uma mentira.”¹

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Em tempos em que a ênfase é colocada nas experiências subjetivas, é preciso voltarmos a destacar que nossa confiança deve estar na Palavra de Deus e não em nós mesmos, mesmo quando se trata de nossa pecaminosidade. E isso faz uma grande diferença!

Para aqueles que lutam contra o pecado

Se você é alguém que sente o peso do seu pecado, perceba que sua experiência não é o trabalho final sobre o seu pecado, mas apenas o ponto de partida. Permita que essa experiência de pecado te humilhe, para que você esteja disposto a ouvir o que Deus tem a lhe dizer sobre o seu pecado. Em certo sentido, você não precisa ficar chocado e surpreso pelo seu pecado, porque se você é um cristão, você já confessou que é um pecador. Romanos 1-3 é uma descrição do seu problema, não apenas o problema daqueles “lá fora”. Sua experiência de pecado é simplesmente a confirmação de quão profundo é o problema e quão desesperadamente você precisa de um Salvador. Em vez de sermos oprimidos por certos pecados, confessamos pela fé que toda a nossa condição está caída e nossa única esperança é Cristo.

Para aqueles tentados pela auto-justiça

Mas e se você é alguém que não sente grande tristeza emocional por causa do seu pecado? Como Lutero disse, e se você é alguém para quem o próprio pecado “não é óbvio”? Da mesma forma, você também precisa ouvir o que Deus lhe diz sobre o seu pecado, e você precisa acreditar nisso. Mesmo que sua vida pareça estar direita, a Palavra de Deus nos fala sobre a realidade mais profunda do nosso pecado. Mesmo quando você faz boas obras e vive de maneira disciplinada, as Escrituras nos advertem que nossos atos justos à parte de Cristo são como trapos imundos (Is 64:6) e que nossos corações são enganosos acima de todas as coisas (Jr 17:9). Isso não quer dizer que você deva se atolar no pecado e na culpa. Mas, pela fé, todos devem confessar que a Escritura corretamente revela nossa condição caída [separada de Cristo] e que nossa justiça própria apenas nos condena.

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Para o pregador

Portanto, pregador, pregue sobre o pecado! A fé vem pelo ouvir da Palavra de Deus. Isso é verdade não apenas para entender a justificação, mas também para entender nosso pecado. Portanto, não tenha medo de pregar sobre o pecado, mesmo que você tenha uma congregação cheia de pessoas de aparência moral íntegra, ou pessoas feridas, ou com todos os outros tipos de preocupações urgentes. É muito mais fácil falar apenas sobre nosso quebrantamento ou injustiças, ou sobre o mundo caído em que vivemos, e esses são tópicos importantes. Mas para que o evangelho faça sentido, devemos também pregar sobre o nosso pecado pessoal. Ensine a eles o que a Escritura revela e chame-os a crer, confessando seus pecados pela fé. Porque somente então, eles estarão prontos para se alegrar com a maravilha do evangelho.


NOTAS:
[1] Luther’s Works, 25:215.

2019 © Traduzido por Amanda Martins, revisado por Elnatan Rodrigues. Texto original tem por título “Confessing Our Sin By Faith” (Confessando nossos Pecados Pela Fé), disponível em Historicaltheology.org.

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Geoff Chang

Geoff Chang é pastor associado da Igreja Batista Hinson em Portland, Oregon (EUA). E frequentemente escreve artigos abordando diversos temas para o blog historicaltheology.org.

Martinho Lutero

Martinho Lutero (1483-1546) foi um monge agostiniano, pioneiro da Reforma Protestante do século XVI. Lutero também foi professor e escreveu diversas obras teológicas que até hoje continuam sendo publicadas.

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