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A Suprema Ordem Divina no Éden(33 min de Leitura)

A Importância das Escrituras

Em nossos dias existem muitas opiniões e suposições a respeito de Deus Pai, Filho e Espírito. Essas ideias não são apenas atuais, o homem desde sempre tentou tirar suas próprias conclusões sobre o que é ou não sagrado, justo, verdadeiro, santo ou bom. Entretanto, Deus não nos deixou desprovidos de conhecimento para que viéssemos cair em nossos e alheios achismos. As Escrituras são a revelação de Deus, dizendo respeito à Sua Santidade, graça, justiça, amor e relacionamento para conosco. Nela conhecemos os atributos divinos e também, através disso, o nosso significado real – o que impõe ordem sobre todas as coisas. É por meio dela que podemos conhecer a Deus e, nisso, a Verdade.

Nas Escrituras podemos conhecer a Deus porque é nela onde temos os relados sobre o Seu Caráter e feitos, seja através de Sua relação para com o Seu povo e também sobre Sua reação com os ímpios, Sua criação, Suas instituições, Sua Lei ou mesmo, e principalmente, através da Pessoa de Jesus Cristo. Nelas também estão descritas as intenções divinas para com a humanidade, o que aborda tanto a nossa criação quanto a redenção e a eternidade. Logo, por meio dela somos instruídos e guiados, sem nos desviarmos pelo que os séculos proclamam. Por meio das Escrituras podemos discernir a vontade de Deus, a finalidade do nosso fôlego e descansar sobre nossa eternidade. Uma vez que a Bíblia nos mostra a Verdade, ela nos proporciona o discernimento sobre quem somos e a ordem/finalidade real de todas as coisas criadas.

Por fim, e não menos importante, é por meio das Escrituras que nos proporcionam o conhecimento de Deus que também desfrutamos de um relacionamento ativo com Ele. Nela nós conhecemos e desfrutamos da reconciliação proporcionada por Cristo, sendo convencidos do nosso pecado e rendidos pela graça revelada. Já que todo relacionamento deduz conhecimento alheio, reciprocidade e comunicação, as Escrituras nos revelam e nos levam a uma relação íntima e verdadeira com o Seu Autor, o próprio Deus. Por ela somos exortados, ensinados, convencidos, disciplinados, consolados e motivados para a glória de Deus.

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A Integridade das Escrituras

Apesar de algumas pessoas considerarem ser um Deus diferente em cada Testamento (pela maneira como Se revela no decorrer da História) vemos claramente que se trata de um só Deus que jamais mudou e tem A Boa Nova explícita desde o livro de Gênesis, como também Sua Justiça declarada até o Apocalipse. O Antigo testamento enfatiza a história de Israel, colocando o Messias em destaque pela promessa de um Salvador, ainda que seja uma linguagem de “sombra”, isto é, um tanto limitada em sua natureza. O Novo Testamento já coloca esta Imagem de forma clara, isto é, o próprio Verbo encarnado, além de trabalhar o estabelecimento da igreja.

Foram cerca de 40 escritores usados para o registro bíblico, o que foi feito em um período de 1.500 anos, entre homens que não se conheciam sem jamais se contradizerem entre si e que deixaram para nós os escritos do que já foi cumprido por Cristo, ainda está se cumprindo e também ainda irá se cumprir. Assim, sabemos ser as Escrituras o registro dado por Deus que trata da eternidade a eternidade – de antes da criação até o fim dos tempos. Quando falamos das Escrituras, nos referimos aos registros sagrados que dizem respeito, do início ao fim, a um único Deus, uma única obra e uma única vocação. É por isso que podemos testificar a mesma verdade desde o Gênesis até o Apocalipse.

O Zelo é Indispensável

Você pode estar me questionando o porquê dessa introdução. Em primeiro lugar, ela é importante para nos lembrar que devemos nos atentar em cada registro bíblico com cuidado e atenção, pois em cada palavra há significado de muito valor e digno da nossa estima. Além disso, todo e qualquer registro Bíblico deve ser entendido por nós necessariamente como a confirmação de todo o restante, nunca com uma interpretação isolada de todo o contexto bíblico. Em segundo lugar, para que não venhamos seguir o conselho ou a conclusão dos demais sem que antes verifiquemos com zelo as Sagradas Escrituras. Em terceiro, para que não tiremos conclusões pessoais sem real estudo bíblico, nem mesmo sejamos guiados partindo de nossos sentidos próprios (o que julgamos ser bom, justo, louvável, gracioso, etc), antes para que sejamos incentivados a buscar a Deus sinceramente e, dessa forma, extrairmos das Escrituras a sua maravilhosa Verdade. Em quarto lugar, para que não nos esqueçamos de que até mesmo em Gênesis, inclusive na primeira ordem de Deus ao homem, Cristo está sendo revelado tanto quanto em todas as Escrituras. Em quinto lugar, para que vejamos em Cristo o nosso significado e, assim, o que isso requer.

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Durante esta série vamos explorar o início de Gênesis, considerando a criação, a ordem de Deus no Éden a Adão, as tentações da serpente, a queda do Homem e a provisão de Deus ao pecador. Tudo isso nós encontramos em básicos 3 capítulos iniciais da Bíblia Sagrada e tudo é testificado até o último ponto do Livro de Apocalipse.

A Ordem de Deus no Éden

Iniciemos nossa primeira questão, mesmo que não em ordem cronológica dos acontecimentos a serem estudados, com uma pergunta: Qual foi a ordem de Deus ao homem no Éden? Este é, antes de tudo, um chamado para você abrir a sua Bíblia e verificar a Verdade.

Perguntando para a maioria das pessoas (ouso dizer que quase todas) a resposta é: “a ordem foi para que o homem não comesse do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal”. Você ficaria surpreso se eu lhe dissesse que não é exatamente esta a ordem de Deus a Adão? Se sim, lhe convido novamente a abrir as Escrituras. Observe novamente os versículos de Gênesis 2:16 e 17.

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E ordenou o Senhor Deus ao homem, dizendo: De toda a árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás.

Gênesis 2:16,17

A ordem de Deus começa por dizer: “de toda a árvore do jardim comerás livremente”. E continua, “mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás”. A ordem é finalizada com o esclarecimento do motivo de sua existência, “porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás”. Você pode perceber a diferença alarmante entra a ordem conhecida popularmente da ordem de fato divina? Se não, é para isso que vamos esclarecer neste texto.

Gostaria, antes disso, de chamar a sua atenção para este detalhe, pois esse foi o motivo da nossa introdução a respeito das Escrituras. Você percebe que basta uma pequena distração, falta de zelo em uma leitura, ou maior conhecimento popular do que bíblico, para distorcermos a própria Palavra de Deus? Uma mínima negligência, e todo o sentido será comprometido!

A ordem foi para que o homem comesse de todos os frutos, exceto da árvore do conhecimento. A ordem de Deus não foi: “não faça isso”. Em outras palavras, a ordem foi: “Eu te dei todas as árvores para que coma delas livremente, seja livre e desfrute da minha provisão. Mas não coma da árvore do conhecimento do bem e do mal, pois se dela comer, no mesmo dia certamente morrerá”. A ordem afirma com clareza a consequência imediata após o pecado, “no dia”, e não deixa dúvidas a respeito disso, “certamente”.

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Uma das grandes verdades que encontramos aqui é que a liberdade está em saber dizer não. A questão é: como o homem conseguiria discernir para o que deveria ser dito ‘sim’ e para o que deveria ser dito ‘não’ se ele não tinha o conhecimento do bem e do mal? Adão vivia na total dependência de Deus. Deus o guiava e era a sua consciência a dizer: “isso não é bom” ou “fique à vontade e coma o que quiser dentre todas essas”. A liberdade de Adão estava em ser totalmente dependente de Deus e em ser guiado por Ele.

Porém o homem foi tentado a ter o conhecimento por si mesmo e, portanto, se tornar independente. “Eu quero discernir por mim mesmo o que é bom para mim, eu quero ser o deus da minha vida, o meu senhor, o meu mentor”. Nisso a liberdade foi rompida, o homem se tornou cativo (de si mesmo – do seu orgulho, da sua cobiça) já que a verdadeira liberdade está em ser dependente de Deus.

Vejo o efeito da má interpretação do texto penetrando os púlpitos de forma que deles saem pregações de “não faça isso” ou mesmo “faça isso e aquilo outro”. Isto é: “não minta”, “pare de fumar”, “pare de beber”, “não se prostitua”. Uma lista de regras e afazeres parecem comprar o Reino de Deus ou uma vida digna. Aliás, é interminável a quantidade de textos atuais que encontramos em redes sociais, teoricamente reformadas, que baseiam a vida cristã – em qualquer área – em uma lista de passos para o sucesso, seja na vida matrimonial, paternal/maternal, congregacional ou mesmo relacional com Deus. Mas isso é muito raso e absolutamente ante bíblico! A realidade é que em nenhum momento a ordem de Deus foi “não faça isso”, mas sim “seja livre na minha dependência, você encontra em mim tudo o que precisa”.

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A consequência da independência é a morte – rompa com a Vida e saberá o que é a morte, rompa com a Liberdade e saberá o que é cativeiro. Enquanto a lei se baseia nos “faça isso e não faça aquilo”, o evangelho diz que toda a lei se cumpre em dizer “sim” a Deus, ou seja, no amor a Ele em um relacionamento reconciliado por Cristo.

O Evangelho não é baseado nos “nãos” ou nos afazeres como quem deve dar uma checagem em sua lista ou oferecer um bom currículo, simplesmente por tais coisas serem completamente desnecessárias e absolutamente ofensivas. Antes de dizer não ao pecado, a pessoa diz sim para Deus, sim para a santidade, sim para as Escrituras, porque O ama e porque depende dEle. A consequência lógica de um “sim” para Deus, produzido por Seu Espírito em nós, é um “não” ao pecado. E isso é liberdade. Antes de Eva dizer um sim para a proposta da serpente, ela virou suas costas para Deus, desconfiando do Seu caráter, negando a Sua Palavra, desprezando a Sua provisão e descumprindo portanto a Sua ordem. Eva caiu em incredulidade antes de qualquer outra coisa, tanto quanto Adão e todos nós.

É exatamente nisso que se baseia o Evangelho, a reconciliação, a santificação, a liberdade. Não no “não”, mas no “sim”. Não no medo da morte ou algum interesse pessoal, mas no amor à Vida. Nisso está a conversão: não no coração que diz não ao pecado pelo medo, pela obrigação ou pelo interesse, mas o coração que corresponde a Deus em amor e, por isso, o honra e se deleita na dependência. Uma alma que se vê satisfeita em Cristo demonstra ter sido de fato comprada por Ele, ter sido reconciliada com Deus e, portanto, está salva, rendendo-se a Cristo completamente. A obediência não é um fardo ou um penoso trabalho, mas um fruto natural da fé.

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Ter o discernimento dado por Deus e dizer ‘não’ para o que não convém, certamente já me livrou de muito caos. O contrário disso também é verdadeiro, muitas vezes não disse ‘não’ ao que deveria, agi conforme minhas conveniências egoístas e me meti em uma roubada. A Bíblia é clara ao dizer que nosso proceder deve ser como quem diz: “sim, sim” ou “não, não!” e o que passa disso é de procedência maligna. Apesar de termos um senso comum sobre o que é certo ou errado, ainda o discernimento e a sabedoria se encontram na íntima dependência do homem para com Deus e, nela, está a liberdade!

A Libertadora Santidade que Usufruímos em Cristo

Imagine esta situação: Dois homens estavam para atravessar um túnel e neste percurso havia imagens de variados tipos de práticas dolosas por todas as suas paredes. Um dos homens passou pelo túnel carregando uma Bíblia fechada, parando em uma a uma das imagens para apontar os desvios e criticar. O outro passou com uma Bíblia aberta, lendo-a e adorando a Deus. Peguemos como imagem o homem de mero conhecimento crítico teológico e religioso, focado nos “nãos” e nas regras moralistas em oposição ao homem que de fato tem um relacionamento ativo com Deus. Nessa situação, no túnel da vida, observamos claramente que o primeiro foi contaminado pelo pecado e o segundo passou como se nada daquilo existisse, obtendo cada vez mais conhecimento de Deus e santidade, desviando-se da aparência do mal através da própria presença e Palavra de Deus. O primeiro nenhuma diferença fez por suas críticas, apenas foi contaminado. O segundo foi edificado ainda que em um meio corruptor, capaz de ainda adorar a Deus. O primeiro teve seu ego alimentado, seus olhos corrompidos e maltratados, o segundo teve seu ego quebrado. Aliás, o segundo passou pelo túnel muito mais rápido e desfrutou a simplicidade na genuidade do evangelho.

Se houvesse no ambiente um terceiro homem, qual você acha que teria dado melhor testemunho a ele, ensinando algo e o constrangendo em prática para o arrependimento? Qual dos homens, de fato, teria manifestado conhecimento pessoal de Deus e sido testemunha da Suficiência Divina? Aliás, se tivesse um terceiro no ambiente, qual dos dois homens se importaria com ele ou, sequer, notaria a sua presença? Tenho absoluta convicção de que o primeiro homem estaria ocupado demais com a sua religiosidade e não notaria o terceiro homem carente. Amar não é negligenciar a Verdade, é ir em direção a relacionamentos pela Verdade, começando pelo relacionamento com Deus.

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Saber sobre Deus pode estar no lado oposto de conhecê-Lo. Todo e qualquer conhecedor de Deus, em intimidade, sabe sobre Ele; mas muitos sabem sobre Ele sem jamais conhecê-Lo. Isso é destacado pela ausência da essência cristã. O foco de um cristão nunca está no que é ou não o erro, mas sim no que é verdadeiramente a vontade de Deus. É certo, sem qualquer resquício de dúvida, que qualquer homem que não se relacione sinceramente com Deus não cumprindo com a primeira ordem do Éden (não estando nEle satisfeito), esteja em completo pecado até mesmo enquanto exerce suas mais “sacro” atividades. Já um cristão sincero glorifica a Deus em tudo o que faz, até quando come ou bebe, porque o faz para a glória de Deus e não para a sua própria. É totalmente glorioso ver um cristão feliz em saciar-se no seu Deus, comendo e bebendo da Sua provisão. Mas é totalmente pecaminoso tentar agradar a Deus, a si mesmo ou ao próximo por meios humanistas. O cristão nada faz por si e para si – para a sua justificação ou saciedade – porque já está saciado e feito justo em Cristo. Isso é cumprir com a ordem de Deus no Éden!

Ovelhas vs. Bodes

Viver sempre na margem do precipício revela um coração que desconhece o amor de Deus. Existem pessoas que só não praticam determinado pecado porque “Deus não deixa” (o que não significa que tal pessoa já não está em pecado), já outras não pecam porque amam a Deus e querem sempre estar perto dEle. Existem cães que nunca poderiam andar sem coleira, mas existem outros que são tão amigos que nunca precisariam de coleira porque nunca seriam capazes de se afastarem da presença do seu dono. Entretanto, é importante ressaltar que Deus não usa coleiras, pois suas ovelhas não necessitam de tais – elas reconhecem a Sua voz e O seguem!

A graça de Deus não dá margem para uma vida libertina, pelo contrário. Quando o amor de Deus nos alcança, ele nos resgata de nós mesmos e nos convoca à santidade. O amor de Deus por nós gera o nosso amor a Deus, que nos faz cativos de Cristo. A fidelidade de Deus nos mantém fiéis, por Seu amor. Todo salvo quer se manter distante do seu ex cativeiro, não por medo, por obrigação ou por interesses, mas por amor Àquele que o salvou.

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Uma vez que Deus não nos salvou no pecado, mas sim do pecado e que não apenas somos salvos por Jesus Cristo mas também para Jesus Cristo, toda salvação que não resulta em santificação é uma fraude. É fato que ninguém pode ser justificado por obras ou pela lei, entretanto, isso não faz da graça um pressuposto para o pecado. O Evangelho nos ensina que não compramos a salvação de Deus com boas obras, mas que a salvação produz boas obras e, mais do que isso, que fomos eleitos para as boas obras. Apesar de as obras estarem em extremos opostos, quer na religião, quer no evangelho, elas estão presentes. A fé que não resulta em santificação é morta. O amor cumpre os mandamentos e os sobrepõe. Isso fica totalmente visível na ordem inicial de Deus no Éden, pois bastaria o homem estar nEle satisfeito, usufruindo de Sua presença e provisão, amando-O sobre tudo e a consequência seria zelar por Sua Palavra, não recorrendo à proposta da serpente. A primeira ordem de Deus ao homem em nada se diferencia da ordem que vemos nos mandamentos ou mesmo no evangelho: amar a Deus sobre todas as coisas.

Não raro me deparo com pessoas a perguntar se esta ou aquela prática é considerada pecaminosa ou não. Muitas vezes isso me leva a me perguntar: isso seria uma ovelha ou um bode? Afinal, que interesse teria uma ovelha em saber onde está o pecado?

Me parecem pessoas que pretendem andar na permissiva de Deus, no limite da cerca. Na realidade, a ovelha não está interessada no “até onde pode ir”, mas sim no “quanto pode se aproximar e permanecer” – e nisso não há limite, a eternidade é a prova da infinidade da graça e da presença gloriosa de Deus. Por isso, para ela pouco importa até onde vai a permissão de Deus, se está perto ou longe o limite onde se estabelece a cerca do Seu pasto; a ovelha está onde estiver o seu Pastor! A ovelha não está concentrada no que é ou não considerado pecado, mas no que realmente é a vontade de Deus.

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Algum dia desses alguém me perguntou como uma mãe cristã deve ensinar aos seus filhos que o homossexualismo é errado. A resposta é simples e está nas Escrituras desde Gênesis: oferecendo o suprimento em Cristo e, assim, ensinando o certo. Uma pessoa satisfeita relacionalmente em Cristo é guiada por Ele e se desvia de todo pecado, seja lá qual for! O amor de Deus que gera o amor a Ele deve ser suficiente.

Algumas pessoas insistem em andar na permissiva de Deus porque não querem abrir mão das suas vontades, querem que elas reinem o máximo possível. Isso demonstra que ainda não confiam no caráter de Deus, no fato de que Ele cuida de nós e tem o melhor para nós. São ainda como Eva que desconsideram toda a provisão de Deus, a primeira ordem dEle de usufruir de toda a Sua graça, para que então longe de Deus elas possam exercer o auto suprimento. Acham que as suas vontades são melhores do que as vontades de Deus – revelam que ainda não se arrependeram de si mesmas e permanecem em incredulidade. Entretanto, essa vida é um tanto insegura. Uma vida baseada no homem, que é pó, que não sabe fazer escolhas, que tem o coração desesperadamente corrupto e enganoso, só pode resultar em uma vida de instabilidade, insegurança e queda eterna. Uma vida baseada no homem é um fardo que não suportamos carregar, da qual só Cristo pode nos libertar! Fazendo assim você andará em uma corda bamba a todo momento, além de revelar um coração que não anda em sinceridade para com Deus. Basta uma distração e você estará no território adversário tentando justificar as suas concupiscências. Isso é cativeiro, não a liberdade oferecida por Deus na ordem do Éden e em Cristo.

Algumas pessoas parecem estar no “pasto dos preceitos de Deus” por obrigação, por status, por medo ou por algum outro interesse que não é propriamente o Pastor. Isso revela o motivo de nunca terem encontrado descanso ou se alimentado dos Pastos Verdejantes. Não descansam no aprisco porque estão sempre distantes. Aqueles que estão nesse meio, sem ser por causa do Pastor em Si mesmo, não passam de religiosos. Na realidade, nunca conheceram o Pastor ou tiveram com Ele relacionamento. Apesar de andarem pelos pastos ao redor, onde esporadicamente passam algumas ovelhas, nunca tiveram contato direto com o Pastor dessas ovelhas, que as mantém. Se tivessem ao menos conhecido o olhar do Pastor, nunca mais cogitariam a possibilidade de se afastar dEle, mesmo que ainda para dentro das Suas cercas. Não aceitariam habitar e não suportariam estar em outro lugar senão no centro da Sua vontade.

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As ovelhas de Cristo, apesar de vez ou outra passarem por pastos distantes (porque não são ainda perfeitas), não suportam habitar nestes pastos porque sentem a falta do seu Pastor, estão ligadas a Ele perpetua e eternamente de forma que são incapazes de serem arrebatadas de Suas mãos. As ovelhas têm um clamor interno, vindo da própria natureza de Deus que receberam ao terem nascido do Reino de Deus e para ele, que não as permite manter distância da santidade, mas que as torna totalmente dependentes do Seu Pastor e da misericórdia do Mesmo. As ovelhas nunca se vêem satisfeitas senão no alimento oferecido pela própria Divindade. É isso o que vemos em Gênesis, pois o relacionamento que o pecado partiu, Cristo restituiu.

A liberdade está em ser cativo de Cristo. Não como por coleiras, mas pelo amor de Deus! É aqui então que observamos a indispensável verdade da ordem de Deus ao Homem no Éden, baseada na bondade do Pai, dizendo respeito primeiramente sobre estar debaixo de Suas asas, nos Seus Átrios, onde de fato há descanso e suprimento em Sua sombra. Antes da ordem de Deus estar em se desviar do pecado, certamente está no chamado ao deleite em Sua graça, na satisfação em Sua provisão, no conhecimento das Suas delícias!

Nenhum Homem é capaz de agradar a Deus senão através de Cristo, logo, é um tanto lógico que a ordem antes de ser sobre fazer ou não fazer algo seja estar nEle e com Ele. “Vinde a mim” é um chamado que gera arrependimento quando propõe um “jugo suave e fardo leve”. Tendo tal prazer, qual é o Homem que ainda procuraria algo tão imundo, infrutífero, pequeno, limitado, impotente, insuficiente e doloso?

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A Identidade dos Filhos de Deus

Tenho um cãozinho que me inspira muito sobre o verdadeiro sentido de adoração, o que muitas vezes é constrangedor para a minha incredulidade. Sua devoção é fantástica e isso acontece por conta da sua dependência. Ele depende de mim e me segue tanto quanto eu deveria seguir, depender e adorar a Deus em devoção. Se quiser saber onde eu estou, basta encontrar o meu cãozinho. Ele está sempre comigo – e olhando para mim. Sorrindo, com olhar de satisfação. É certeiro! Nunca que alguém tenha o procurado ele indicou outro caminho senão onde eu estava. Eu nunca vi um animal tão dependente, fiel, companheiro e apaixonado como ele. Ele não precisa de petiscos, regras ou coleiras, ele apenas se deleita na minha presença e nela encontra o suprimento de todas as suas necessidades. Se em algum momento pretende se afastar de mim por alguma outra atração, uma simples advertência é suficiente para que entenda que aquilo não é bom para ele. Seja quando estou trabalhando na frente do computador – o que pode parecer tedioso para ele – ou quando estou brincando no chão com ele, sua presença é fiel. Caso eu precise ir em algum lugar onde não possa levá-lo, outra pessoa não me substitui, não o alegra, não o agrada – ele não come, fica triste, esperando na porta. Os filhos de Deus foram também formados por Ele para revela-Lo em todo tempo, não através de uma suposta suficiência em si mesmos, mas justamente através das suas carências. Se as pessoas ao redor não verem em minha vida a manifestação da vida de Cristo, através das minhas ausências e necessidades principalmente, então a minha identidade está ainda completamente comprometida pelo pecado! Meus olhos, minha atenção, minha devoção, meus interesses, minha obediência, minha satisfação, minhas carências: absolutamente tudo deve apontar para Cristo. Estar nEle e com Ele é a maior alegria e única satisfação das Suas ovelhas!

Por quê são justamente as minhas carências que devem revelar a graça e a suficiência de Deus? A ordem do Éden responde: primeiro porque eu sou feita de necessidades uma vez que eu sou dependente – nada de bom tenho para oferecer a Deus, então só pode ser por fraquezas. Segundo porque é Ele quem provê ao faminto “toda árvore” do jardim, para o meu suprimento. Não existe falta nEle, Ele não tem fome mas me sacia absolutamente em minha fraqueza. Esse saciar revela a Sua suficiência em toda a minha dependência!

Enquanto o adestrador de leões usa do medo para que, na opressão, possa domá-los (sem realmente mudar a sua essência ou natureza), o adestrador de macacos oferece a eles petiscos para conter sua atenção pelo interesse. Porém Deus não adestra o Homem, Ele não usa coleiras e não precisa oferecer petiscos, pois não está nos condicionando a uma simples lista de regras. Um cristão preferiria ir ao inferno com Cristo do que ao céu sem Ele porque o céu não é o que Deus tem a oferecer mas sim a própria presença de Deus! O único medo de um cristão está em se distanciar do seu Amado. Enquanto a religião se baseia no medo da morte, o Evangelho se baseia no amor à Vida – ainda que para isso seja necessário morrer, sendo crucificado com Cristo. Cristão é aquele que some, morto em uma cruz, e então quem aparece através de sua vida é apenas Cristo – em toda a Sua manifestação de providência, toda a Sua Santidade e Justiça, toda a Sua graça e misericórdia.

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Algumas pessoas querem ir ao céu como se isso fosse tudo, pouco importando se Deus estará ou não lá. Não amam a Deus, amam a si mesmas e manifestam total soberba e desconhecimento da Verdade. Elas não querem saciar-se nEle, mas tão simplesmente comerem de qualquer fonte que possa parecer apetitosa aos seus olhos imundos. Mas veja que interessante: Deus não tem um paraíso, Ele é o paraíso! Certa vez, uma irmã francesa citou: “eu queria colocar fogo no céu com essa tocha e apagar as labaredas do inferno com esse balde de água, para que ninguém busque a Deus pelo medo do inferno ou pelo prêmio do céu, mas sim pelo que Deus é”.  Essa não passa da primeira ordem de Deus no Éden.

Uma ovelha é santificada pelo Seu Pastor, simplesmente por estar na Sua presença Santa. Basta olharmos para ela e saberemos onde está o Pastor, pois ela denuncia o seu Amado através de toda a sua própria debilidade!


Citações escriturísticas a partir da Almeida Corrigida Fiel (ACF), Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil. 2019 © Escrito por Amanda Martins. Para o uso correto deste recurso visite nossa Página de Permissões.

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Amanda Martins

Amanda Martins é escritora, autora das obras "O Dom da Maternidade" e "Aborto Explícito" publicadas pelo Reformai. Amanda também é editora e tradutora dos conteúdos do Reformai, além de contribuir com outras funções dentro do ministério.

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