
Thomas Gallaudet
A Doutrina da Queda para Seus Filhos
Edições Reformai
Thomas Hopkins Gallaudet (1787-1851), educador norte-americano de surdos, nasceu na Filadélfia, Pensilvânia, e formou-se no Seminário Teológico de Andover. Ele buscou nas escolas da Inglaterra e da França métodos de educação para os surdos, e fundou em 1817, em Hartford, Connecticut, a primeira escola livre desse tipo nos Estados Unidos. Ele era também interessado em muitas outras filantropias. Durante a sua vida ele publicou extensivamente. Entre suas obras estão Histórias Bíblicas para os Jovens, O Livro da Alma para Crianças, O Livro de Teologia Natural para Crianças, e outras obras similares. Ele também editou seis volumes dos Anais para os Surdos e Excepcionais.
Cadastre o nome de Gallaudet entre os escritores mais talentosos e atrativos no departamento que ocupava: falar para as mentes e corações das crianças e dos jovens.
Dr. Heman Humphrey
Os livros do Sr. Gallaudet exibem sua habilidade impressionante de trazer os assuntos mais abstratos para o alcance da mente mais fraca e pequena.
Dr. Henry Bernard
O campo da miséria humana, que alguns visitam por um senso de dever, ele tinha prazer em explorar, e nunca parecia tão alegre quanto quando investigava esquemas para aliviar os sofridos e levantar os caídos.
Rev. Horace Hooker
Imagine o mundo de alguém que não pode ler e escrever. Como seria a minha vida se eu fosse assim? Não poder ler a Bíblia é o pior pesadelo para mim como uma pessoa surda. Como outras pessoas surdas poderão “ouvir” o evangelho sem que elas possam ler ou escrever e falar em linguagem de sinais?
Eu queria escrever uma recomendação ao meu herói, o Rev. T. H. Gallaudet, que frequentou a faculdade de Yale e foi um pastor congregacional. Logo em 1817, Gallaudet conheceu pela primeira vez uma menina surda chamada Alice Cogswell. Ele a tomou no seu colo e lhe mostrou um chapéu; então ele escreveu “c-h-a-p-é-u” no chão enquanto Alice olhava. Ela escreveu c-h-a-p-é-u no chão com a bengala de Gallaudet. Aquele dia e a sua experiência com Alice foi a mais importante em sua vida. O pai de Alice, que era um médico, conheceu Gallaudet e chorava porque ele queria que sua filha tivesse uma educação.
Gallaudet decidiu buscar um método de ensinar alunos surdos e ele partiu numa viagem para a Inglaterra. Não tendo sido bem-acolhido ali pela escola “oral”, ele se encaminhou à França onde encontrou a primeira escola para os surdos. O diretor ali o introduziu ao professor dos surdos, Laurent Clerc, e aconteceu que esta escola cedeu e mandou o primeiro professor de surdos para os Estados Unidos, Laurent Clerc. Enquanto estavam no navio, Gallaudet e Clerc se tornaram amigos próximos. Ambos ensinaram um ao outro a Linguagem de Sinais Americana e a Francesa.
Ao chegarem na América, eles estabeleceram a primeira escola americana para os Surdos e então educaram Alice Cogswell e muitas outras crianças que eram surdas ou tinham problemas de audição. Outras escolas para surdos se estabeleceram pelos Estados Unidos. No Kentucky, onde me formei na escola para os Surdos em Danville, um homem chamado John Jacob cavalgou de Kentucky até Connecticut para ser treinado sob Laurent Clerc, a fim de que pudesse voltar para casa e educar crianças surdas na sua região. Isso mudou a maneira como vivemos hoje. Eu sou grato pelo resultado desses esforços. Hoje, os surdos podem ler e escrever, e eu posso ler a Bíblia, conhecer melhor a Deus e desenvolver o meu relacionamento pessoal com Jesus Cristo por meio da leitura. Hoje eu sou um pastor de uma congregação surda e nós compartilhamos a mesma linguagem, a Língua de Sinais Americana, assim como a mesma cultura. Nós somos um grupo bem unido e eu sou abençoado por poder gozar da minha vida tanto quanto as demais pessoas de hoje.
Eu recomendo que você compre os livros que Gallaudet escreveu para as crianças. A sua compaixão pelas crianças era demonstrada pelo seu desejo de que Cristo fosse conhecido por elas.
Pastor Jeremiah Ziehr
Green River Area Deaf Fellowship
Owensboro, Kentucky
Certa vez, um menino pequeno, que vivia numa cidade grande, saiu andando para tão longe de sua casa que não conseguiu mais encontrar o caminho de volta. Ao sair de casa, ele havia desobedecido o seu pai, que lhe tinha dito para não passar da porta de sua casa. No início, ele estava tão encantado com as coisas novas que ele estava vendo, que ele nem pensou que estava indo tão longe, ou no que iria dizer ao seu pai quando voltasse. Mas, aos poucos, ele foi ficando cansado, e se sentou no degrau de uma casa para descansar. Ele olhou ao seu redor e notou que estava num lugar desconhecido. Ele nunca havia estado ali antes. Todas aquelas casas eram novas para ele, e a rua parecia bem diferente da que ele morava. Era uma estrada longa; e ao olhar para o fim dela, e ao lembrar também que ele havia vindo por muitas outras ruas, e virado em muitas esquinas antes de chegar nessa rua, ele começou a pensar que a casa de seu pai deveria estar já bem longe, e que ele nunca mais acharia o seu caminho de volta para casa.
Ele pensou, também, em como ele havia sido mau por ter desobedecido a seu pai, e que foi isso que tinha causado todo o seu problema. Isso lhe fez sentir ainda mais triste. Ele teria desistido de todos os brinquedos bonitos que tinha, se ele pudesse somente estar de volta em sua casa, como antes, uma criança bem-humorada e alegre na porta da casa do seu pai.
A noite estava se aproximando, e o pobre menino, à medida que escurecia, começou a ficar muito assustado. Ele havia tentado, por algum tempo, prestar bem atenção em todos que passavam pela rua, para ver se achava alguém conhecido, ou pelo menos, alguém que conhecesse pelo nome, com quem pudesse falar e pedir ajuda.
Mas todos os que passaram eram estranhos, e ninguém parou para notar o menino. E porque deveriam? Eles não sabiam que ele estava perdido; pois ele continuava só sentado no degrau, triste e quieto, sem dizer uma palavra.
Ficou ainda mais escuro, e ele mal podia ver os rostos das pessoas que passavam por ele. Ele pensou que talvez ele iria ter que passar a noite na rua, e as lágrimas começaram a rolar pelas suas bochechas. Ele caiu nos prantos, e finalmente chorou bem alto.
Muitas das pessoas que passaram devem ter ouvido o menino chorar, mas elas não pararam para perguntar qual era o problema. Alguns estavam pensando tanto em si mesmos e em seus próprios afazeres, que eles não tinham tempo para parar e mostrar bondade ao pobre menino que chorava. Outros pensaram que os pais deveriam cuidar melhor de seus próprios filhos, e se os pais não cuidam, os filhos deveriam mesmo sofrer; – enquanto outros imaginaram que o menino morava na casa em cujo degrau estava sentado, ou pelo menos na vizinhança, e que os seus amigos logo apareceriam para cuidar dele.
Coitado do menino! Ele teria ficado sentado e chorando ali por muito tempo se um senhor bondoso que passava, e que amava criancinhas, não tivesse parado e perguntado por que ele estava tão triste.
O menino contou tudo o que acontecera a esse senhor, e não escondeu que tinha desobedecido o seu pai. Ele realmente estava arrependido por ter sido culpado de desobediência. Ele contou que ele estava arrependido, e o senhor ficou com tanta pena dele, e ficou contente de ver que ele estava sentindo sua culpa, que ele perguntou seu nome, e o nome de seu pai, e então falou para o menino que andaria com ele e o levaria de volta para casa em segurança.
Que amigo tão bondoso, e que alegria este pequenino sentiu quando ele entrou novamente na casa do seu pai, e se encontrou de novo nos braços dos seus pais queridos!
Como você se sentiria, minha querida criança, se você tivesse passado por uma situação dessa? – Você teria ficado bem agradecido à pessoa bondosa que teve todo o trabalho de levá-lo de volta para casa? Você estaria realmente arrependido de sua desobediência, e teria confessado ela a seu pai, e pedido o seu perdão, e resolvido nunca mais fazer isso de novo? – Você teria ficado bem alegre de se encontrar de novo seguro em sua casa, mais uma vez de baixo do cuidado de um pai e de uma mãe amorosos?
Você alguma vez já parou para pensar que você tem andado bem longe do seu pai, – do seu Pai Celestial – do Deus que lhe criou, e que tem feito tanto por você, e que tem sido mais bondoso para você do que qualquer pai ou mãe nessa terra pode ser?
Toda vez que você erra e faz o mal, você tem desobedecido a Deus, e tem agido como aquele pobre menino, se afastando dEle. Talvez você nunca viu o perigo em que você se encontra por estar tão longe de Deus. As pessoas más, ao fugirem de Deus, estão indo cada vez para mais longe do Céu, aquele lugar tão bonito e alegre onde os que chegam lá estão muito mais felizes do que os mais felizes meninos e meninas podem estar nas casas de seus pais aqui na terra.
Você está andando para longe daquela casa maravilhosa, que está acima do céu azul, onde todos são perfeitamente bons e felizes, e para onde o seu Pai no Céu deseja que você vá depois que você morrer? Você continua indo cada vez mais longe desse Pai Celeste, que está te chamando para voltar para ele, e que mandou o seu Filho para te mostrar o caminho de volta, se você concordar em simplesmente deixar ele te guiar?
Sim, Jesus Cristo é como aquele bondoso senhor que levou o menininho perdido de volta para a sua casa. Ele vai segurar a sua mão com amor, e lhe levar de volta para Deus. Você sente que precisa de um amigo tão bondoso como esse? Você vai deixar que ele cuide de você? Você vai ser guiado por ele até o seu Pai Celeste? Você vai chegar assim a Deus e confessar os seus pecados, pedindo que Ele perdoe os seus pecados por amor a Cristo, e orando para que o Espírito Santo lhe ajude a fazer tudo isso?
Foi para lhe mostrar como é importante que você se sinta assim, e faça isso, que Deus lhe deu a Bíblia. Eu sei que você gosta de ler outros livros, especialmente se eles contam histórias interessantes. Você estava interessado, não estava, na história que eu acabei de lhe contar sobre o menininho perdido? Você também estava interessado quando eu tentei te explicar como essa história pode te levar a pensar em Deus, e no que você deve fazer para tê-lO como seu amigo eterno? Pois bem, você se interessaria por esse livrinho, se eu lhe disser que todas as suas histórias são tiradas da Bíblia? E enquanto eu lhe contar essas histórias verdadeiras da Bíblia, e as explicar de uma maneira que faça bem para você, e te leve a amar a Deus, a confiar em Cristo e a estar preparado a ir à casa do seu Pai Celeste no Céu, quando você vier a morrer, você vai me ouvir? Eu espero que sim, e que Deus me ajude a escrever, e ajude a você a ler, de tal modo que esse livrinho possa te conduzir a amar a Bíblia mais do que você amava antes.
Lembre-se que quanto mais você lê e entende a Bíblia, mais você vai se tornar sábio, e quanto mais você ama e obedece a Bíblia, melhor e mais feliz você vai ser. Ore e peça a Deus todos os dias que Ele lhe dê o seu Espírito Santo para que você possa então ler, entender, amar e obedecer o melhor de todos os livros, que Ele deu para lhe mostrar o caminho para o Céu.
Quando o seu pai ou a sua mãe lhe dizem que você pode sair para brincar, eles permitem que você faça isso. Às vezes você lhes pergunta se você pode olhar um livro bonito cheio de figuras, e eles dizem “sim”, e deixam que você pegue o livro. Eles estão permitindo que você o veja, e isso é o mesmo que dizer que eles lhe dão permissão para olhá-lo. Se o seu pai tem uma horta, e ele lhe diz que você pode ir e colher alguma fruta para comer, ele está lhe dando permissão para fazer isso.
Quais são outras coisas que os seus pais ou professores lhe dão permissão para fazer? Veja se você consegue pensar em algumas delas.
Bem, agora eu estou pronto para lhe contar a história sobre a permissão que Deus deu a Adão e a Eva, de comer das frutas que cresciam naquele jardim bonito no qual Ele lhes colocou.
Você sabe que Adão e Eva foram os primeiros homem e mulher que Deus criou, e o jardim bonito em que eles moravam era chamado de Éden. Deus fez aquele jardim para que eles habitassem nele. Era um lugar muito gostoso. O ar era puro e doce. O clima não era quente demais nem frio demais. Era como um dos dias mais agradáveis no início do verão.
O jardim estava cheio de todo tipo de árvores bonitas, e muitas delas davam as frutas mais deliciosas; e um riacho transparente corria ali no meio para regar o jardim, para fazer as árvores e plantas crescerem. Era ali que Adão e Eva viviam; ambos santos e felizes; amando a Deus e um ao outro, e cuidando do jardim.
Deus lhe deu permissão para comerem das frutas que cresciam em todas as árvores, com exceção de uma que ficava no meio do jardim. Do fruto daquela árvore Deus lhe mandou que não comessem. Ele lhes disse que eles comessem daquela fruta, eles iriam certamente morrer. Eu irei lhe contar mais sobre essa árvore na próxima história. O que eu quero que você pense agora é em como Deus foi tão bondoso em fazer aquele belo jardim para que Adão e Eva morassem nele, e em dar a eles permissão para comer de tantos tipos das mais deliciosas frutas que cresciam nas muitas árvores que enchiam o jardim.
Se o dono de uma chácara enorme e muito bonita lhe dissesse que você poderia entrar lá qualquer hora, e colher as frutas que você escolhesse, e o tanto que você quisesse, apenas tendo o cuidado de não mexer numa certa árvore, a qual ele não quer que você toque, – você iria achar esse homem muito bondoso por lhe dar essa permissão.
Você pode, talvez, ficar imaginando por que ele não deixa que você colha frutas daquela árvore, e ele pode preferir não lhe dizer o porquê dele fazer isso. Ainda assim, se ele é um homem bondoso, você saberia que ele tem bons motivos para fazer isso; e você com certeza não teria motivo nenhum de reclamar, porque todas as frutas pertencem a ele, e ele já estaria sendo muito bondoso só de lhe permitir entrar ali e colher algumas.
Imagine que essa pessoa fosse o seu próprio pai, e que ele deixasse você entrar no seu jardim e comer dos muitos tipos de fruta, justamente para lhe mostrar como ele é um pai bondoso, e como você deveria amá-lo por toda a sua bondade para com você. E imagine que ele lhe proibisse de tomar a fruta de uma árvore somente, para fazer você sentir que ele tem o direito de lhe dar ordens como bem desejar, e para ver se você iria sentir isso, e ser obediente a ele.
Você não deveria ser muito agradecido a ele por sua bondade, e amá-lo ainda mais por lhe dar essa permissão e por toda a sua bondade para com você? Você não deveria sentir que, já que todas as árvores e as frutas do jardim pertencem a ele, ele, se quiser, tem o direito de lhe proibir de comer da fruta de uma dessas árvores?
Adão e Eva não deveriam ter sentido isso para com Deus, o seu pai celeste, que lhes criou, e que fez de tudo para lhes beneficiar e alegrar?
“Sim”, você diz, “eles deveriam, com certeza”.
Bem, então tenha cuidado para que você se sinta assim para com os seus pais, e para com aqueles que cuidam de você. Seja agradecido quando você recebe a permissão para ter, ou para fazer, qualquer coisa que lhe faz bem e feliz. Não reclame quando lhe proibirem de ter, ou de fazer, qualquer coisa. Fique satisfeito. Seja submisso. Seja obediente. E se você não tem sido sempre assim, mais ainda é que você deveria se sentir arrependido de toda a sua má-criação, e que você deveria orar a Deus pedindo que ele lhe ajude a sentir e a fazer o que for certo, no futuro.
“Proibição” – você pode me dizer – “eu não conheço essa palavra”.
Mas você conhece muito bem a coisa que ela quer dizer. Você sabe quando o seu pai lhe diz, por exemplo, para não subir na sua mesa e mexer com os livros e papéis que estão em cima dela? Ele pode ter lhe dado permissão para brincar no outro canto da sala, mas ele lhe proibiu de chegar perto da mesa. E quando ele se levantou da mesa e saiu da sala, ele lhe disse para se lembrar dessa proibição.
Ou pode ser que uma mãe tenha dito para a sua filha que ela deveria sair e passear no jardim, olhar para as flores, e colher algumas flores de todos os canteiros, menos de um, para fazer delas um belo buquê. A menininha era obediente, e não se esqueceu da proibição. Ela não tocou em nenhuma flor do canteiro das tulipas, pois era desse canteiro que a sua mãe a havia proibido de colher as flores.
Você pode pensar em algumas coisas que você tem sido proibido de tocar ou de fazer? Tente, veja se você consegue se lembrar de alguma proibição.
Agora, então, você pode me entender quando eu lhe digo que Deus proibiu Adão e Eva de comer do fruto de uma só árvore que estava plantada no meio do jardim em que eles moravam.
Era uma proibição que eles podiam facilmente entender. Ali estava a árvore, bem à vista. Deus a apontou para eles, para que eles não confundissem qual era a árvore de que estava falando.
Era uma proibição que eles podiam facilmente lembrar. Cada vez que eles passavam pela árvore, eles mal podiam olhar para ela sem pensar que essa era a única árvore em todo o jardim da qual eles foram proibidos de comer.
Era uma proibição que eles sabiam que Deus tinha todo o direito de fazer. O jardim, e tudo o que ali crescia, era de Deus. Ele tinha feito as árvores e as frutas deliciosas que estavam nelas. Ele tinha feito o sol brilhar e a água cair gentilmente sobre elas e Ele as tinha feito crescer. Ele poderia fazer o que bem quisesse com o que era seu.
Era uma proibição da qual Adão e Eva não podiam nem pensar em reclamar. Eles tinham o suficiente para não precisar usar da fruta daquela única árvore. Deus havia sido tão bom de ter dado permissão para eles comerem de todas aquelas frutas mais doces e mais bonitas com as quais as demais árvores estavam carregadas! Ele havia mostrado o quanto Ele os amava ao criá-los – dando-lhes corpos tão interessantes e úteis, e almas que iriam viver para sempre e crescer em bondade e alegria, se elas continuassem a amar e a obedecer a Deus. Ele os havia colocado no lar mais agradável e estava cuidando deles como um pai gentil e bondoso.
Era uma proibição para a qual eles certamente sabiam que havia uma boa razão. Deus poderia com ela estar querendo que eles mostrassem o quanto estavam prontos e desejosos de obedecer aos seus mandamentos, e quão alegremente eles estavam mantendo distância do que Deus havia proibido, sem querer nem tocar naquele fruto.
Se Deus não tivesse feito tal proibição, como eles poderiam mostrar tão bem a sua obediência? Uma das melhores maneiras de você mostrar que você ama o seu pai, não é justamente tendo o cuidado de não fazer uma coisa que ele proibiu?
Também pode ser que Deus estivesse querendo ver se eles eram realmente filhos obedientes – pode ser que Deus os estivesse testando, e mostrando aos anjos e a outros seres o que Adão e Eva fariam nessa prova.
Eles não podiam ter dúvida nenhuma de que um ser tão bondoso como Deus tinha algum bom motivo para ter lhes dado essa proibição.
Era uma proibição que não era difícil de eles obedecerem. Não era uma coisa difícil que eles precisavam fazer. Era simplesmente uma coisa que não era para ser feita, não era para eles tomarem do fruto de uma árvore.
Como você acha que você se sentiria se estivesse naquele bonito jardim, e como Adão e Eva, fosse proibido de comer do fruto da árvore que estava no meio do jardim?
Talvez você esteja achando que você não teria reclamado nem um pouco dessa proibição, e teria ficado perfeitamente satisfeito, e grato a Deus por toda a sua bondade.
Mas será que você nunca se sentiu insatisfeito e descontente quando os seus pais ou professores lhe proibiram de fazer ou de mexer em alguma coisa? – Você nunca achou uma proibição muito difícil, e reclamou dela? – Pense um pouco, e você vai ver que, se você estivesse sob a mesma proibição que Adão e Eva estavam, você também iria achar ela muito dura, e iria desejar que Deus não a tivesse dado.
Nós vamos descobrir, nas histórias mais à frente, como Adão e Eva se sentiram e o que eles fizeram. E vamos tentar ver, também, se você se sentiria ou faria alguma coisa melhor se estivesse no lugar deles.
Certo pai, que tinha uma biblioteca em sua casa cheia de livros grandes, caros, e cheios de figuras bonitas, falou para seu filho que ele não deveria tirar os livros do lugar. Ele disse que, sempre que fosse uma hora boa, ele iria mostrar alguns livros pro seu filho, mas que ele nunca deveria ir mexer neles, e disse ainda que se o menino mexesse, ele iria ter que ficar de castigo no seu quarto por algumas horas. Ficar de castigo no seu quarto por aquelas horas era a penalidade que o menino teria de sofrer se ele desobedecesse o seu pai.
Se um ladrão rouba alguma coisa, a lei diz que ele deve ser colocado na prisão. Ficar preso é a penalidade por roubar. Se um homem mata outra pessoa com raiva, de propósito, a lei diz que esse homem mau deve morrer, pois essa é a penalidade para quem tira a vida de outro.
Você já sofreu alguma penalidade por ter quebrado as ordens ou as regras de seus pais ou professores?
Quando Deus proibiu Adão e Eva de comer do fruto da árvore que estava no meio do jardim, ele lhes disse que se eles desobedecessem, eles certamente iriam morrer. Morrer era a penalidade que eles teriam de sofrer, se eles comessem do fruto daquela árvore.
Isso não quer dizer que somente os seus corpos iriam morrer. Que mais isso significa? Vou tentar explicar para você.
Quando o corpo morre, ele não mais se mexe e faz coisas. O olho não vê mais coisas bonitas, o ouvido não consegue mais ouvir belos sons, nem a língua sente o gosto das comidas gostosas. A morte acaba com todos os prazeres do corpo. Ela os destrói totalmente.
Pois assim também existe um outro tipo de morte de que a Bíblia fala, que põe um fim e destrói toda a alegria da alma.
Quando Deus disse a Adão e Eva que, se eles lhe desobedecessem, eles certamente iriam morrer, Ele quis dizer que eles não iriam somente sofrer a morte do corpo, mas também iriam perder a amizade, o amor e a alegria que eles tinham com Deus no jardim do Éden. Ele quis dizer que eles iriam agora enfrentar muito sofrimento nesse mundo por causa do seu pecado, e que depois que os seus corpos morressem, eles iriam experimentar sofrimentos sem fim no mundo por vir.
Isso é a verdadeira morte: é o fim de todos os prazeres puros e santos, que lhes fizeram tão felizes enquanto eles continuavam amando e obedecendo a Deus; é trazer obre eles problemas e tristezas, as dores, as doenças e a morte do corpo; e o pior de tudo é a miséria de ser lançado para longe de Deus e de todas as pessoas boas, para morar para sempre num lugar horrível de castigo, com outros seres pecadores e infelizes como eles.
Espero que agora você entenda por que dizemos que a alma também morre assim como o corpo: é por que ela tem todas as suas alegrias destruídas, e por que ela fica como se fosse morrendo e morrendo, para sempre, nos sofrimentos sem fim que o pecado traz sobre ela.
Nós podemos pensar que essa penalidade deve ter assustado muito Adão e Eva, mesmo que eles não pudessem entender totalmente esse castigo. Eles sabiam o suficiente para fazer com que eles ficassem com muito medo de desobedecer a Deus. Eles sabiam que, se eles desobedecessem, eles iriam perder toda a alegria que estavam sentindo. Eles não iriam mais ter Deus como seu amigo. Deus iria ter que puni-los duramente, nesse mundo e no mundo que virá. E eles não podiam ver nenhum jeito de escapar dessa punição.
Podemos imaginar que tudo isso iria fazer eles bem cuidadosos, você não acha, para não tocarem na árvore proibida, e nem mesmo desejarem tocar nela. Você não acha que você teria ficado com muito medo de fazer isso, se você estivesse no Éden e se Deus tivesse lhe dado o mesmo mandamento que Ele deu a Adão e Eva?
Mas então me diga: por que você não tem medo, agora, de pecar contra Deus? Você conhece a terrível penalidade que Ele ameaçou para os pecadores que não se arrependem verdadeiramente dos seus pecados, e não confiam em Jesus Cristo, e não buscam a Deus e o Espírito Santo para ajudá-los a amar e a obedecê-lo?
A sua punição é ser um pecador miserável para sempre, é ter a sua alma morrendo para sempre, sem nenhuma vida nela, nenhum sentimento bom e certo, mas somente sentimentos maldosos e odiosos, sem nenhuma bondade para com outros, nenhuma paz, nenhum conforto, nenhuma alegria. É ter a sua alma morrendo para sempre naquele lugar horroroso onde os anjos maus estão, e para onde irão os homens, mulheres, meninos e meninas maus, que não se arrependerem dos seus pecados e não confiarem no salvador. É ter a sua alma morrendo para sempre, sem a amizade o favor de Deus, e expulsa do céu, sem nenhuma esperança de ter a permissão de entrar lá.
Minha querida criança, você não tem medo dessa punição terrível? – Você não vai se aproximar de Deus, e lhe dizer quão triste você está de ter pecado contra ele? Você não vai orar para que ele lhe dê o seu Espírito Santo para lhe ajudar a se arrepender de verdade por todos os seus pecados, a confiar no Senhor Jesus Cristo, a amar e obedecer a Deus, e a fazer todo bem que você puder a outros? Vá, dessa maneira, para o seu bondoso Pai, e para o Salvador compassivo, que está pronto para recebê-lo, e então, mesmo que o seu corpo morra, a sua alma nunca vai morrer.
Certo dia, o William estava na calçada de sua casa, esperando, pois o seu pai lhe havia dito para ficar ali que logo ele lhe daria uma tarefa para fazer. Um outro menino, que costumava brincar com o William, estava passando com uma pipa na mão:
– Vamos, William, vem me ajudar a voar a minha pipa. Está um vento perfeito esta manhã, e eu tenho bastante linha para a pipa ir bem alto, até perder de vista – disse o amigo.
-Eu não posso ir – falou o William – O meu pai me disse para ficar aqui até ele voltar, pois ele tem uma tarefa para eu fazer.
– Mas quando é que o seu pai vai voltar? – perguntou o menino.
– Eu não sei – respondeu o William – talvez daqui a uma meia hora.
– Ah, então dá tempo de voar a pipa, e de ainda voltar antes dele.
– Mas eu não posso desobedecer o meu pai; A Bíblia diz que eu devo obedecer aos meus pais em tudo.
– Ah, se o seu pai tivesse aqui, tenho certeza de que ele iria deixar você ir. Além disso, você vai estar de volta antes dele, e ele nem vai saber que você saiu.
– Mas Deus saberá de tudo – disse o William – Ele nos vê a todo instante, Ele está me vendo agora, e eu não vou entristecer a Deus por desobedecer o meu pai. Eu não vou com você.
O William fez o certo. Quão mais felizes os meninos e meninas seriam se eles também fizessem assim, sempre que alguém os tentasse a fazer errado, como aquele menino com a pipa tentou o William a desobedecer o seu pai.
Quando alguém tenta levar você para o mal, lhe dizendo como você ficaria feliz ou o que você poderia conseguir se fizesse uma coisa errada, essa pessoa que assim lhe tenta está sendo um tentador. Eu acredito que você já foi tentado assim alguma vez. Pense se você fez ou não como o William. Ele fez o certo, e não cedeu ao tentador que estava tentando levá-lo para o mal.
Houve uma pessoa muito má que tentou Eva a fazer o mal no jardim do Éden. O seu nome era Satanás, ou o diabo. Ele havia sido, antes, um anjo bom e feliz quando amava e servia a Deus. Mas ele começou a ter pensamentos e sentimentos maus sobre Deus. Ele deixou de amar a Deus. Ele não quis mais se submeter ao governo de Deus. E houve outros anjos que se sentiram como Satanás.
Deus não poderia deixar que eles continuassem no céu. O céu, você sabe, é um lugar santo e alegre. Se esses anjos maus continuassem lá, eles iriam destruir a alegria de todos os anjos bons que moravam ali. Além disso, Deus quer que todos os seres que ele criou saibam que Ele tem o direito de governá-los – que é melhor que Deus os governe – e que Deus irá governá-los. Se esses anjos não querem obedecer, então Deus precisa puni-los pela sua desobediência.
Como uma família pode ser tão triste por causa de três, duas ou mesmo só uma criança má e desobediente! Os pais precisam governar e ser obedecidos, ou a casa será cheia de confusão e maldades.
Deus mandou Satanás e os anjos maus para fora do céu. Ele os lançou no inferno, e a Bíblia nos diz que lá eles são guardados “em cadeias eternas, na escuridão, até o juízo do grande dia”.[1]
Satanás conseguiu sair dessa prisão escura e horrível e achar o caminho do Éden. Como ele saiu, e como ele chegou no Éden, nós não sabemos. Não podemos nem imaginar como isso aconteceu. Mas podemos ter certeza de uma coisa, de que Deus permitiu que ele fizesse isso, ou ele nunca teria escapado de sua prisão. Nós também sabemos com certeza que Deus tinha motivos sábios e bons para permitir que Satanás fizesse isso; porque Deus nunca faz nada sem um motivo, e tudo o que ele faz é santo, justo e bom, assim como Deus é.
Satanás chegou no jardim do Éden. Ele tinha ido lá para ver se ele conseguiria tentar Adão e Eva para se tornarem maus como ele mesmo, e desobedecerem a Deus. Como ele deveria odiar a Deus para fazer uma coisa dessas! Como o seu coração deveria estar cheio de inveja e de todo sentimento ruim para tentar fazer com que Adão e Eva se tornassem pecadores e maldosos como ele, – para fazer eles serem expulsos do jardim bonito e gostoso em que moravam, e perderem a amizade de Deus!
Satanás era um tentador. Ele foi o primeiro tentador de que já ouvimos falar. O que você acha dele? Você quer ser como ele? – “Não, não”, – você responde – “Eu espero que eu nunca me torne uma pessoa tão cheia de maldade e ódio como ele”.
Tenha cuidado, então, para não seguir o seu exemplo. Você nunca pensa ou sente coisas ruins pelos seus pais ou professores? Você nunca fica sem vontade de se submeter ao governo deles? Se você pensa ou sente isso, você está desobedecendo a Deus; porque Ele lhe manda obedecer os seus pais e professores. Você está lutando contra o governo de Deus assim como Satanás fez.
Você nunca tenta outros a fazerem o mal?- a fazerem o que você sabe que eles não devem fazer em certa hora? – Pense um pouco antes de responder essa pergunta.
Se você faz isso, então você é um tentador, assim como Satanás era. Tenha medo, muito medo, de se tornar mais parecido com ele. Ore a Deus sinceramente para que Ele não deixe que você siga um exemplo tão terrível.
Quando Satanás resolveu tentar Adão e Eva, ele não quis aparecer como ele realmente era – aquele ser perverso e horrível, aquele anjo da escuridão que acabou de vir da sua prisão assombrosa. Ele se tornou como uma serpente, assim como muitas outras que Adão e Eva tinham visto tantas vezes, e da qual eles não tinham medo nenhum.
Ele encontrou Eva sozinha, e perto da árvore proibida. Adão estava meio distante em alguma outra parte do jardim, cuidando, talvez, das árvores e plantas, ou colhendo alguma outra fruta para comer.
A serpente, ou melhor, Satanás na forma da serpente, falou com Eva. Ele perguntou a ela se Deus tinha mesmo dito que eles não deveriam comer de nenhuma árvore do jardim.
“Ah, sim”, ela disse, “nós podemos comer do fruto das árvores do jardim. Mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, Deus disse ‘vocês não devem comer dele, nem tocar nele, ou vocês morrerão'”.(Gênesis 3:2,3)
Eva se lembrava muito bem do que Deus lhe havia dito; e ela deveria imediatamente ter fugido, o mais rápido possível, de alguém que ela deve ter visto que estava tentando levá-la a pensar que o mandamento de Deus era muito exigente. Até a maneira como Satanás falou com ela mostra que era isso que ele queria fazer.
E esse é o modo, minha querida criança, como você também pode ser tentado a fazer o mal. Ou o seu próprio coração mau, ou alguma pessoa má vai levar você a pensar, de primeiro, que o mandamento dos seus pais ou professores, ou de Deus mesmo, é muito estrito. Quando você se encontrar começando a pensar assim, – Pare! Pare de vez. Olhe para Deus. Ore para Ele em sua mente, pedindo para que Ele lhe ajude a se livrar de tais pensamentos e a fugir de tal pessoa perversa.
Essa é a única maneira de você poder permanecer seguro, e escapar da tentação. Se Eva tivesse feito isso, ela teria estado segura. Mas em vez de fugir, ela ficou ali, para ouvir o que o tentador tinha ainda a dizer para ela.
O que você acha que Satanás fez a seguir? Ora, justamente aquilo que uma pessoa perversa está sempre pronta para fazer quando ela está tentando fazer alguém pecar. Ele contou uma pura mentira. Ele ousou contradizer o que Deus havia dito, e acusar o próprio Deus de ter falado o que é falso.
“É certo que não morrereis”, disse Satanás, “pois Deus sabe que no dia em que comerdes esse fruto, os seus olhos serão abertos, e como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal”. (Gênesis 3:4,5). Ele queria fazer Eva acreditar que não havia o menor perigo em comer do fruto proibido, e que pelo contrário, tanto ela como Adão iriam ganhar coisas muito boas se comessem dele. De uma maneira ou de outra, aquele fruto iria capacitá-los a conhecer muitas coisas novas e interessantes, tal como uma pessoa que era cega e teve a vista restaurada irá abrir os seus olhos e de repente ser capaz de ver milhares de objetos belos e maravilhosos. Satanás falou para Eva que eles iriam conhecer tanto sobre coisas boas e más, que eles iriam ser como Deus mesmo em conhecimento.
Dessa maneira, Satanás tentou fazer Eva sentir que Deus era duro demais em seu mandamento, e que ele deveria ter permitido Adão e ela comerem de todos os frutos do jardim, sem nenhuma exceção. Ele tentou fazer ela se sentir inquieta e insatisfeita, e a fez pensar que ao comer o fruto proibido ela iria ser muito mais feliz e sábia do que ela era então.
É exatamente isso que acontece com toda tentação para o pecado. Não foi assim que você pensou e se sentiu quando você foi tentado? Você ficou descontente com aquilo que tinha. Você começou a achar, ou pensando por si mesmo, ou por causa do que alguma pessoa má lhe falou, que havia alguma coisa que se você pudesse conseguir, ou fazer, você iria ser muito mais feliz. Mas acontece que o seus pais, ou professores, ou Deus mesmo na Bíblia, haviam proibido você de ter ou de fazer exatamente esta coisa. Você então começou a se sentir incomodado com essa proibição. Você achou ela muito restritiva. Você achou ela injusta. Você pensou na punição que lhe estava ameaçada se você desobedecesse. Você esperou que de alguma maneira ou de outra você iria escapar desse castigo, ou que havia algum engano e que não seria bem assim, e que não havia nenhum risco de você ser castigado. O seu próprio coração maligno, ou algum companheiro perverso lhe disse isso, e a tentação começou a levar você à desobediência.
Por isso, quando você começar a pensar e a se sentir assim novamente, lembre-se de Eva. Lembre-se de como Satanás a tentou; de como ele mentiu e tentou enganá-la. E você vai de novo deixar uma mentira enganar você, e levar você a desobedecer a Deus, e fazer com que Ele se entristeça com você?
Toda tentação para o pecado, quer ela venha do seu próprio coração perverso ou de algum companheiro mau, é uma mentira. É uma mentira exatamente como aquela que Satanás contou a Eva. Se você acreditar nela, se você ceder a ela, se você fizer a coisa errada, é como se você estivesse dizendo, como Satanás disse, que Deus é mentiroso. Você está dizendo que você não acredita que o que Deus diz é verdade. Pois Ele disse que Ele vai certamente punir os pecadores com o mais terrível castigo. E quando você cede à tentação e peca contra Ele, você está dizendo, pela sua conduta, que você não acha que você realmente vai sofrer tal castigo.
Você vai ter mesmo a ousadia de fazer como Satanás e acusar o grande Deus de ser falso? Você ousa dizer ou pensar que você pode pecar contra ele, e escapar da punição que ele ameaçou contra os desobedientes? – O que ele ameaça ele fará. “Terrível coisa é cair nas mãos do Deus vivo”. “Temei, antes, aquele que depois de matar, tem poder para lançar no inferno. Sim, digo-vos, a esse deveis temer.” (Hebreus 10:31; Lucas 12:5)
Tema pecar contra Deus. Tema mesmo o começo dos pensamentos e sentimentos malignos. Ore sinceramente a Deus pelo seu Espírito Santo, para que você seja libertado deles imediatamente.
Certa vez, quando Jesus estava ensinando o povo, ele queria fazer com que aquelas pessoas pensassem como seria tolo alguém ouvir as coisas boas que ele estava ensinando, e então ir embora e fazer exatamente o contrário do que havia ouvido. Ele disse que seria tão tolo como um homem construir a sua casa sobre a areia, sem colocar pedras debaixo, fazendo uma fundação para a casa ficar de pé sobre ela. Quando viesse uma grande tempestade de vento e de chuva, e com as águas da correnteza batendo sobre ela, a casa iria cair, e a queda da casa seria grande.
É nesse sentido que nós dizemos, quando um menino ou menina, um homem ou uma mulher, tem por algum tempo se conduzido bem, e então de repente cede à tentação de vez, e comete um grande pecado, que ele ou ela caiu. Vou então lhe contar sobre a queda de Adão e Eva. Eva, contudo, caiu primeiro, como iremos ver.
Depois de ouvir o que Satanás tinha a dizer, Eva não o reprovou pelo que lhe havia dito, o que mostra que ela estava fazendo algo errado ao dar ouvido a um tentador tão perverso. Ela logo começou a olhar mais atentamente para o fruto proibido. A aparência do fruto a fez pensar que, como os demais frutos do jardim, ele seria “bom para alimento”. Logo aquela fruta pareceu-lhe bela e madura, e sua linda cor a tornava “agradável à vista”. Ela pensou também no que Satanás lhe havia acabado de falar, e sentiu que o fruto era “desejável para dar sabedoria”.
Ah, pobre Eva! Como ela havia se tornado tão tola e pecaminosa! Como ela pôde assim ousar acreditar no que Satanás lhe disse, e duvidar da verdade da ameaça de Deus!
Ela se aproximou da árvore, estendeu a mão, tomou do fruto e o comeu. Após ter ela mesma pecado, assim como todas as pessoas perversas fazem, ela logo tentou Adão a pecar da mesma maneira.
Não demorou até que Adão chegou ali e viu o que Eva tinha feito. A Bíblia não nos diz como ele se sentiu, nem o que ele falou; e nem nos fala o que Eva falou para ele.
Contudo, como Satanás a tentou, assim também ela tentou a Adão. Ela lhe deu um pouco do fruto, e ele também comeu dele.
Foi assim que eles caíram. Eles caíram do estado no qual estavam – em que viviam bons e alegres, obedientes a Deus e aproveitando da Sua amizade e amor – para um estado triste de pecado, para viverem em desobediência a Deus e para começarem a sofrer aquela punição que Ele havia ameaçado, se eles viessem a quebrar o seu mandamento.
Isso foi a queda, e ela trouxe doença, dor, tristeza e morte a esse mundo. Também trouxe o pecado, o pior de todos os males. Os filhos de Adão e Eva foram pecadores. E os seus filhos foram pecadores, e assim por diante até agora. Todos, todos têm pecado – você e eu, e todo o mundo (Romanos 3:10-18,23). Nós temos pecado como Adão e Eva fizeram. Pois você não lembra, querida criança, como você tem sempre tido pensamentos e sentimentos maus, e como você tem dito e feito coisas que você sabia desde o início que elas eram pecaminosas – assim como Eva sabia que era pecaminoso para ela desejar comer do fruto proibido, e tirá-lo da árvore, e comê-lo.
Talvez você tenha ficado impressionado, quando você leu a história de Adão e Eva, de que eles não estivessem contentes com todos aqueles frutos deliciosos com que as árvores estavam carregadas, mas foram ouvir o que um tentador perverso e enganoso disse, e só por causa do fruto de mais uma árvore, se expuseram ao desfavor terrível de Deus.
Você não fica espantado de que, mesmo com tudo o que Deus fez para fazê-los bons e felizes, eles puderam esquecer disso tudo, e desacreditar o que Ele falou, e desobedecer alguém que tinha sido tão cheio de bondade para com eles!
Ah, minha criança, fique sabendo que todo pecado é exatamente o mesmo tipo de tolice, de incredulidade, e de ingratidão.
Deus não tem sido muito bondoso para com você? – Ele não tem feito muita coisa para torná-lo bom e feliz? Ele não tem lhe dado tudo o que você precisa, e tudo o que é o melhor para você? Se você amar e obedecer a Deus, e aqueles que Ele colocou sobre você para tomarem conta de você, você não vai ter o maior tipo de felicidade que você pode ter nesse mundo?
Por que, então, você deseja tão frequentemente alcançar e tomar algum fruto proibido? Algo que você sabe que os seus pais ou professores lhe proibiram, ou que Deus mesmo proibiu você de ter ou de fazer?
Ah! Enquanto você está assustado com o pecado e a tristeza de Adão e Eva, fique assustado com a sua própria tolice e perversidade! Veja como você é exatamente como eles! Fique triste por ter cometido o mesmo tipo de pecado que eles cometeram. Não se sinta orgulhoso e cheio de si, dizendo que se você estivesse no lugar deles no Éden, você não iria ter agido como eles agiram.
Você já agiu como eles agiram. Você é culpado como eles foram. Você está exposto àquele terrível castigo com que Deus os ameaçou, se eles o desobedecessem. Você merece a punição, e deve aguentá-la totalmente, tanto nesse mundo como no mundo futuro, a não ser que você vá a Deus – arrependido, humilde, quebrantado por causa do seu pecado – implorando a Ele, porque Cristo morreu por pecadores, para que Ele lhe perdoe – confiando nesse Salvador – e orando que Deus lhe guie, pelo Seu Espírito, a ser como Cristo.
Você tem sido como Adão; você não vai agora desejar, e lutar, e orar para ser como Cristo?
Vamos imaginar que um menino está sozinho em um quarto da casa onde mora, e ele sabe que num armário perto da janela havia um dinheiro que pertencia a seu pai. Então um pensamento mau vem à sua mente, de que ele sabe onde está a chave que pode abrir o armário, e que ele poderia tirar um pouco do dinheiro dali, sem ninguém saber. Ele pensa em todas as coisas bonitas que ele poderia comprar com aquele dinheiro, e como elas o fariam feliz. Ele acaba cedendo à tentação. Ele abre o móvel, toma um dinheiro, e desce para a sala, tentando parecer como se nada tivesse acontecido.
Ele passa o dia inteiro em casa e não pode sair para gastar o dinheiro. Quando chega a noite, ele vai para a cama, como sempre, na hora normal, e para que ninguém veja o dinheiro no seu bolso, ele o esconde numa gaveta, onde ele pensa que estará seguro até de manhã.
Você acha que ele vai orar a Deus aquela noite, antes de se deitar para dormir? – Não, ele não vai querer orar enquanto ele quiser ficar escondendo esse dinheiro. Mas ele irá se sentir infeliz, e ainda mais se essa for a primeira vez que ele rouba alguma coisa.
Existem várias coisas que lhe farão sentir tão triste. Ele iria ficar com vergonha do que fez, de pensar que ele estaria sendo um ladrão, até mesmo roubando dinheiro do seu próprio pai, que tem sido tão bom para ele.
Ele também vai ter um forte medo de ser pego, e de ter que passar vergonha e ser castigado.
Ele também iria sentir que o que ele fez é errado – que ele é culpado de ter feito algo muito terrível – que Deus sabe o que ele fez, e que ele não pode escapar da desaprovação de Deus. Ele iria sentir também que ele mereceu essa desaprovação, e que cedo ou tarde ele terá que pagar pelo que fez.
Esses pensamentos e sentimentos que lhe vêm na hora dele se deitar iriam deixar o menino tão agoniado que ele talvez nem iria conseguir dormir, de tão angustiado que estaria se sentindo.
Esses pensamentos e sentimentos que vêm depois que uma pessoa faz alguma coisa errada, quando ela está pensando sobre o que fez – isso é chamado de remorso. – Eu acho que você sabe o que é isso. Pois mesmo que você talvez nunca tenha roubado nada, com certeza você já fez coisas mesmo sabendo naquele momento que eram erradas, e então você se sentiu muito triste depois ao pensar no que você fez.
Às vezes esse remorso é tão grande nas pessoas que roubaram, ou mesmo nas pessoas que mataram outras, que eles foram confessar a sua culpa e se entregaram para serem punidos, mesmo quando ninguém sequer suspeitava deles.
Nada causa tanto sofrimento nesse mundo como o remorso; e ele vai ser uma das principais causas dos sofrimentos das pessoas que forem para o inferno.
Adão e Eva sentiram esse remorso muito profundamente depois que eles comeram do fruto proibido. Eles sentiram a sua vergonha e a sua culpa. Eles sentiram como tinham sido ingratos e desobedientes ao seu Pai Celeste e bondoso. Eles ficaram com medo de se encontrar com Ele. Eles ficaram apavorados com a desaprovação de Deus. Eles tremeram só de pensar na punição que Deus havia ameaçado, e que eles sabiam que mereciam. – Eles lamentaram a sua tolice ao terem acreditado no que Satanás lhes disse. Eles descobriram que eles realmente conheciam agora tanto o bem como o mal, mas de uma maneira muito diferente do que Satanás havia prometido e do que eles haviam esperado.
Sentindo-se miserável ao olhar para trás, ao que haviam feito, e ao olhar para o sofrimento que lhes esperava, não havia nada que podia lhes fazer feliz; nada neles mesmos, nada no jardim tão bonito que estava ao seu redor, nem em Deus, caso Ele viesse se encontrar com eles como fazia antes.
E Deus realmente veio se encontrar com eles. Foi de tardezinha, e eles ouviram a sua voz no jardim.
Como eles ficariam felizes de ouvir aquela voz se eles não tivessem pecado, se o fruto na árvore proibida não tivesse sido tocado! Mas eles agora ficaram assustados com aquela voz. Eles estavam com pavor de ter que encarar a Pessoa grande e gloriosa de onde ela vinha. Tremendo e fugindo dessa voz, eles “se esconderam da presença do Senhor por entre as árvores do jardim”. Gênesis 3:8
Você não se sentiu assim mesmo quando você fez algo errado, e estava com medo de ser descoberto? Talvez você alguma vez correu e se escondeu assim como Adão e Eva fizeram; e outras vezes você ficou tentando evitar o olhar de alguém, – do seu pai ou professor, e se você pudesse, teria se escondido do olhar dele.
Como esses sentimentos são ruins! Mas como a pessoa se sente bem quando ela pode olhar todo mundo bem no rosto, – sem temer nenhum olho que o examine, e nenhuma língua que faça qualquer pergunta.
Como você se sentiu feliz quando você pôde correr e encontrar o seu pai, ou mãe, ou professor, e pôde ouvir a voz deles, e ver o seu olhar bondoso, e pôde deixar eles verem que você está agindo como uma criança obediente e alegre sempre se parece.
Seja obediente a eles. Seja obediente a Deus, se você deseja sentir essa alegria. Lembre-se como Adão e Eva se esconderam no jardim, e ore a Deus que ele não lhe deixe pecar, para que você seja guardado da vergonha e do medo.
Como é tão difícil para nós, quando fazemos alguma coisa errada, nos sentirmos arrependidos por isso, e confessarmos o mal que fizemos, e pedirmos perdão!
E quando você faz coisas más, e é descoberto, não é verdade que muitas vezes você tenta inventar desculpas? Você já falou, por exemplo, que tinha esquecido completamente o que o seu pai ou professor haviam mandado? Que você não entendeu bem o que eles queriam dizer? Que você não estava tentando fazer o que fez? Que acabou sendo muito pior do que você imaginava? Que você estava enganado sobre aquilo? Ou ainda, que o seu amigo lhe havia dito que não teria nenhum problema. Que foi ele quem lhe fez errar. Que ele fez mais da metade da coisa errada, e que você nunca teria pensado em fazer aquilo, se ele não lhe tivesse tentado?
Foi exatamente assim que Adão e Eva começaram a inventar desculpas, quando Deus os chamou do seu esconderijo e eles vieram e se puseram tremendo diante dele.
– “Vocês comeram” – disse Deus a Adão – “da árvore que eu lhes mandei que não comessem?” (Gn 3:11)
– “A mulher que tu me destes para estar comigo, ela me deu da árvore, e eu comi.” (Gn 3:12)
Essa foi a resposta de Adão. Quão indisposto Adão estava para confessar a sua culpa francamente e humildemente. Como ele estava pronto para, se possível, inventar alguma desculpa para o seu próprio pecado. Ele tentou pôr a culpa em Eva, como se ele não pudesse ter evitado fazer o que ela lhe disse e não pudesse se recusar a aceitar o fruto proibido da sua mão.
Deus então perguntou a Eva: “O que é isso que fizeste? ” (Gn 3:13a) Ela também estava pronta com uma desculpa: “A serpente me enganou”, – ou me disse coisas agradáveis e enganosas sobre a fruta, que me levaram a, sem nem pensar no que eu fiz, tomá-la – “e eu comi.” (Gn 3:13b)
Ah! Como teria sido melhor para Adão e Eva se eles tivessem se lançado aos pés do seu Pai celeste, e tivessem, com corações sinceros, confessado o seu pecado e implorado a Deus que lhes perdoasse!
Você também não concorda que teria sempre sido melhor se você tivesse feito o mesmo todas as vezes que você fez alguma coisa errada? Pense nisso. Olhe para trás e veja como você se sentiu quando tentou dar desculpas por ter feito o que sabia que era errado, e que merecia a culpa e a punição. E depois pense como você se sentiu sempre que você confessou a sua culpa, e ficou arrependido pelo que fez, e pediu perdão. Que modo de agir você agora pensa ter sido o melhor?
Quando você inventou desculpas, a sua culpa parecia estar aumentando; com certeza os seus sentimentos ruins e desobedientes só pioraram! Você sentiu o tempo todo uma indisposição ainda maior de confessar o seu erro e mais do que nunca você ficou sem querer ceder à autoridade de seus pais ou professores. Suas desculpas, também, eram tão parecidas com contar falsidades que você sentiu uma boa parte da vergonha e da consciência acusando você de ser um mentiroso. Você também normalmente acabou descobrindo que as suas desculpas não foram bem aceitas, e no final, a sua situação acabou sendo pior para você do que se você tivesse contado a exata verdade e confessado a sua culpa. Você também descobriu que depois de dar tais desculpas, ficou mais fácil para você fazer coisas similares novamente, e assim entrar em novos problemas.
Por outro lado, quando você confessou honestamente a sua falta, e se entristeceu pelo que fez, e pediu perdão, – como você se sentiu aliviado e alegre quando você foi perdoado! E mesmo que você tenha sofrido uma punição, como ela pareceu leve! E como os seus pais e professores tiveram um carinho especial por você mesmo enquanto você estava sendo castigado! E quando tudo passou, e você pôde ver que os outros acreditaram na sua palavra, e que o seu pai ou professor o amava novamente, e desejava encorajar e ajudar você a se comportar bem, Ah! Como você se sentiu melhor, e desejou que no futuro você fosse capacitado a evitar outro erro como esse!
Lembre-se, também, que tudo isso é igualmente verdadeiro com relação a Deus.
Se você tentar, como Adão e Eva fizeram, inventar desculpas para o pecado que você tem cometido contra Deus, seu coração vai crescer endurecido no pecado. Você vai começar a pensar menos da malignidade do pecado. Você vai pensar cada vez menos no perigo e na culpa de pecar contra Deus. Você vai continuar a pecar, – caminhando cada vez mais longe de Deus, e tornando o castigo para o seu pecado maior e maior.
Mas se você confessar os seus pecados a Deus, e se sentir verdadeiramente arrependido por eles, e confiar em Jesus Cristo, Deus promete perdoar os seus pecados. Ele nos diz isso na Bíblia nessas palavras que ele dirigiu o apóstolo João a escrever: “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça.” (I Jo. 1:9) Nós também lemos em Provérbios: “Aquele que encobre os seus pecados não prosperará, mas aquele que os confessa e abandona alcançará misericórdia.” (Pv. 28:13)
Pense na benção que é ter todos os seus pecados perdoados, e ser levado pelo Espírito Santo a evitar o pecado no futuro. Pense na alegria que é ter Deus como seu amigo, e estar preparado quando você morrer, para ir e estar com Ele e com Jesus Cristo para sempre.
Às vezes homens maus ficam com raiva de outros, e dizem que eles desejariam que Deus os mandasse para o inferno. Isso se chama de amaldiçoar. Eu tenho ouvido meninos maldizerem e falarem coisas feias assim. É triste ouvi-los, e pensar em que corações perversos eles devem ter, para com essas palavras usarem o nome de Deus em vão, quebrarem um dos seus mandamentos, e serem expostos à temível ira de Deus. Será possível que o menininho ou menininha que está lendo esse livro já usou palavras más ou toma o nome do Senhor em vão? Eu espero que não. Se você alguma vez já fez isso, pense, pense como isso é uma coisa tão terrível.
Mas há um outro tipo de maldição. É quando Deus diz que algum grande mal virá sobre alguma pessoa, ou lugar, ou coisa. Então isso certamente vai acontecer, pois Deus é todo poderoso, e ele pode fazer o que desejar. O que ele diz é verdade, e irá sempre se realizar. Essa maldição é realmente apavorante. Você deve se lembrar do que Jesus Cristo disse, que quando ele vier para julgar toda a humanidade, ele dirá para os ímpios, à sua esquerda; “afastai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos.” (Mt. 25:41)
A primeira maldição de que lemos na Bíblia é aquela que Deus ordenou contra a serpente, ou Satanás, quando tentou Eva. Você pode ler sobre isso no terceiro capítulo de Gênesis. Eu quero chamar atenção para uma parte dessa maldição, pois ela está acompanhada de grande bênção para você e para mim, e para toda a humanidade. Deus disse ali que a semente da mulher iria ferir a cabeça da serpente (Gên. 3:15)
A “semente da mulher” significa algum dos descendentes de Eva. Ela deveria ter filhos, e estes novamente teriam filhos, e aqueles por sua vez teriam filhos, e assim por diante. Todos esses iriam ser os descendentes de Eva, ou a sua semente. E Deus declarou que um desses descendentes iria esmagar a cabeça da serpente. Cobras venenosas, você sabe, são às vezes encontradas nos campos ou estradas, e os homens ou meninos que as vêem normalmente pegam um grande pau ou pedra, e batem na sua cabeça até que as matem. Assim, já que Satanás havia tomado a forma de uma serpente quando ele tentou a mulher, “esmagar a cabeça” daquela serpente significaria esmagar a cabeça de Satanás; isto é, enfraquecer e destruir esse inimigo, a fim de que ele não mais pudesse fazer nenhum mal, pois você sabe que Satanás tem feito, e ainda continua a fazer um grande mau no mundo. De alguma maneira que não podemos compreender, Deus tem permitido que ele tente muitas pessoas a pecar, assim como ele fez com Eva. Você deve lembrar, contudo, que isso não serve de desculpa para o pecado deles assim como não serviu para o dela. A todos os que buscam a Deus em oração sincera, confiando em Cristo, Ele dará a força para resistir a Satanás e vencer todas as suas tentações.
Dentre os descendentes de Eva, uma pessoa viria que enfraqueceria, e finalmente destruiria, o poder de Satanás. E essa pessoa já veio, é o Senhor Jesus Cristo, o filho de Adão. Como um homem, ele é um dos descendentes de Eva. Maria, você sabe, era a sua mãe. E se você voltar para o pai e a mãe dela, e para os pais deles, e assim por diante, você irá por fim voltar até Eva, – a mãe, como ela é chamada, de todos eles, e de toda a humanidade. Foi quatro mil anos antes de Cristo nascer que Deus pronunciou a maldição sobre a serpente no Éden, e declarou que a semente da mulher deveria esmagar a sua cabeça. Você vê quão maravilhosamente isso veio a acontecer. Satanás tem tentado, desde que tentou Eva, a levar os homens a se tornarem inimigos de Deus, e aqueles que ouvem as suas tentações e são perversos como ele, a Bíblia os chama de seus filhos.
Jesus Cristo veio ao mundo para levar os homens a amarem a Deus, e a se tornarem seus amigos e amigos uns dos outros. Satanás, portanto, odeia e se opõe a Cristo. Mas Cristo é todo poderoso. Ele já esmagou a cabeça da serpente. Quando esteve na terra, você deve lembrar de como ele venceu as tentações de Satanás, e como ele expeliu demônios e até deu a seus discípulos poder para os expulsar.
Jesus um dia falou que ele viu “Satanás caindo do céu como um relâmpago”(Lc. 10:18); provavelmente querendo dizer com isso que já havia chegado o tempo da grande decadência do poder de Satanás de fazer mal.
A Bíblia nos diz que foi para destruir assim o poder de Satanás que Cristo veio a esse mundo; “Para isso o filho de Deus se manifestou, para destruir as obras de Satanás.” (I John 3:8) E quando ele morreu na cruz, foi ali que Satanás e os todos os anjos maus foram derrotados. Então Cristo foi totalmente vitorioso sobre eles. Ele pode lhes permitir, por razões sábias, fazer mais algum mal no mundo. Mas eles não podem fazer nada sem a sua permissão, e por fim eles serão trancados para sempre em sua prisão sombria, para nunca jamais sair dela nem incomodar a paz do governo de Deus sobre suas criaturas obedientes.
Eu tenho dito tudo isso sobre Satanás, minha querida criança, pois ele pode tentar você. Ele pode levá-lo a ter pensamentos e desejos perversos; e eu desejo que você saiba onde você deve buscar força para o vencer. Olhe para Jesus Cristo, a semente da mulher, que veio para esmagar a serpente de Satanás. Se você olhar para ele em busca de sua força, e confiar nele, – ele vai dá-la a você e “o Deus da paz esmagará a Satanás sob os seus pés”( Romanos 16:20). Lembre-se que Cristo já conquistou completamente esse grande inimigo de todo o bem, e que ele pode lhe capacitar a conquistá-lo também. Na força de Jesus Cristo, “resista ao Diabo, e ele fugirá de vós.” (Tiago 4:7)
Todos em Eichbourg estavam ansiosos para saber qual seria a sentença desse caso desventuroso. Todas as pessoas amigáveis temiam pela vida de Mary, pois, naqueles dias, o crime de furto era punido com excessiva severidade e a pena de morte era muitas vezes infligida pelo roubo de artigos muito menos valiosos do que aquele anel. O Conde sinceramente desejava que a inocência de Mary fosse provada. Ele mesmo leu todo o testemunho e conversou por horas com o juiz, sem ser capaz de convencer a si mesmo da inocência de Mary. Tanto a condessa , quanto a sua filha, Amelia, imploraram, com lágrimas, que Mary não fosse morta; enquanto o seu pai idoso gastava dias e noites em oração incessante, para que a graça do Senhor fosse suficiente para ela e que a sua força fosse aperfeiçoada na fraqueza. Toda vez que Mary ouvia o carcereiro entrar em sua cela, ela pensava que ele iria anunciar a ela a hora de sua morte. E nesse meio tempo, o executor estava engajado na preparação do terrível dia.
Certo dia, quando Juliette estava caminhando, ela viu o executor ocupado com esses preparativos e o seu coração se encheu de pesar. O terror parecia privá-la dos seus demais pensamentos, e quando ela se assentou para o jantar, ela nem tocou em sua comida e todos perceberam que ela estava sofrendo alguma agonia oculta em sua mente. Ela teve uma noite terrível e, mais de uma vez, em seus sonhos, ela viu a cabeça da Mary cortada. O seu remorso não lhe deu descanso, nem de dia, nem de noite, mas o coração dessa criatura miserável estava endurecido demais para confessar as suas mentiras, a fim de salvar Mary.
De manhã cedo, no dia seguinte, conforme Mary e seu pai passavam na frente do portão do castelo, em seu caminho para a prisão perpétua, Juliette saiu do castelo. Vendo que o caso, ao contrário de todas as expectativas, havia tomado um rumo diferente do que ela tinha previsto, esta moça astuta e sem nenhum bom sentimento, recobrou a sua disposição. Ainda que ela não desejasse que Mary fosse levada à morte, ela tinha objeções quanto ao seu exílio. Assim que ela descobriu que a vida de Mary havia sido poupada, o seu ciúme voltou com toda a força. Ela ainda a odiava e tinha grande inveja dela, por causa do amor que a Condessa havia lhe mostrado. Alguns dias antes, Amélia viu a cesta que Mary tinha dado a ela em uma estante e disse para Juliette:
ー Leve essa cesta daqui, para que eu nunca mais a veja, pois ela me traz lembranças tão dolorosas que eu não suporto olhar para ela. Juliette pegou a cesta e a guardou em seu próprio quarto, e agora a trouxera novamente, neste momento tão difícil para Mary e seu pai.
ー Pare! Aqui está o seu presente! – Chamou Juliette – Você pode pegá-lo de volta; a minha senhora não deseja nada vindo de pessoas como você. A sua glória passou com as flores pelas quais você foi tão bem paga, e é um grande prazer para mim devolver esta cesta.
Ela a lançou aos pés de Mary e, com um sorriso desdenhoso, entrou no castelo. Mary pegou a cesta em silêncio, com lágrimas em seus olhos, e continuou em seu caminho.
O seu pai não tinha sequer um bengala para lhe ajudar em seus passos instáveis. Mary não tinha nada além de sua cesta; seus olhos encharcavam-se com lágrimas ao passar por cada lugar tão familiar a ela, fitando-os afetuosamente, enquanto as memórias de tantos dias felizes começavam a desaparecer. No momento em que ela se virou, pela última vez, ela acenou adeus, primeiro para o chalé, depois para o castelo, e por último, para a torre da igreja, que desapareceu da sua vista, por trás de uma colina coberta de árvores.
Quando o guarda os conduziu até os limites da cidade, praticamente já dentro da floresta, o velho homem, completamente exausto, sentou-se sobre o musgo, debaixo da sombra de um velho carvalho.
– Venha, minha filha – ele disse, tomando Mary em seus braços, juntando as suas mãos com as dela, e levantando-as aos céus. – Antes de irmos, vamos agradecer a Deus, que nos tirou de uma prisão pequena e escura, e nos permitiu aproveitar livremente a luz do céu e o frescor do vento ー ao Deus que salvou as nossas vidas e que devolveu você, minha querida filha, para o abraço deste seu pai.
O homem idoso caiu de joelhos e, com profunda gratidão no coração, sinceramente agradeceu ao Senhor por todas as bênçãos do passado e suplicou a proteção de seu Pai celestial para o futuro. Terminando a sua oração, James orou assim:
– “Sê nosso guia e guarda através dos perigos aos quais podemos ser expostos. Conduz os nossos passos, nós oramos a ti, entre aqueles que são povo Teu, e inclina os seus corações para nos ajudarem. Dá-nos, ó Senhor, um cantinho nesse mundo, onde possamos terminar a nossa peregrinação em tranquilidade e morrer em paz. Nós cremos que tu já preparaste para nós uma habitação para onde iremos, embora não saibamos onde ela é. Capacita-nos a caminhar em fé e confiança em ti, até que Tu nos leve ao lugar onde escolheste para que habitemos. Fortalece-nos, nós te pedimos, em nossa jornada, e dá-nos a Tua paz, por amor ao nosso Senhor Jesus Cristo”.
Depois de orarem assim, juntos, pois cada palavra da oração de seu pai ecoava no coração de Mary, eles se levantaram renovados e confortados e se prepararam para seguirem o seu caminho com coragem, e até mesmo com alegria.
A oração é o discurso mais simples
Que os lábios das crianças podem pronunciar.
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